MEMBROS
Os cinco sentidos clássicos descritos por Aristóteles são decorrentes de uma evolução da espécie humana, garantem a nossa sobrevivência, desenvolvimento e aprendizagem. A evolução do Ser Humano está intimamente conectada à evolução da pele e aos ganhos sobre o tempo de lazer. O tacto, um de nossos sentidos mais complexos, vem sendo investigado em pesquisas da psiconeurobiologia , realizadas nos últimos 35 anos. Relatos clínicos advindos da psicologia reconhecem há muito tempo (que o tacto e o toque são fundamentais à estruturação e ao desenvolvimento da nossa psique. É sobretudo através da pele (tacto) que a comunicação com o SNC se faz (a pele está sempre em ressonância com o SNC ) .
As experiências tácteis desempenham assim, um papel de fundamental importância no crescimento e desenvolvimento do ser humano, constituindo uma necessidade que o acompanha por toda a vida.
O tocar é, com efeito, muito mais do que um sentido do contacto: é o sentido da presença e leva à experiência do encontro. Quando, com a sua mão, o homem toca, tenta emigrar da sua corporeidade para ir ao encontro de outro, e tal experiência termina com um regresso a si mesmo, já que pelo tocar, o homem é incessantemente reenviado ao seu eu (Brun ,1990).
"Ainda antes do nascimento as sensações cutâneas introduzem o bebé num mundo de grande riqueza e complexidade, um mundo ainda difuso, mas que desperta o sistema de percepçãoconsciência, formando a base para um sentido de existência e abrindo a possibilidade de um espaço psiquico (Anzieu ,1989).
0 filósofo Immanuel Kant (1724 - 1804) chamava à mão cérebro humano externo, acrescentando o psicólogo Revesz (1959) que a mão é frequentemente mais inteligente e dotada que a cabeça (Montagu, 1988). A junção de uma versátil acção mecânica com uma refinada sensibilidade torna a mão o mais eficiente instrumento para cuidar do ser humano. Para Ramm-Bonwitt (2002), as mãos são as ferramentas mais sensíveis e os membros mais expressivos do ser humano, para além de um importante meio de comunicação. Sendo o órgão máximo do tacto e do tocar, a mão é ao mesmo tempo tocante e tocada, e essa relação dialéctica possibilita-lhe, no exacto momento em que está tocando, ser informada sobre as respostas a esse mesmo toque, podendo, quando necessário, modificar a qualidade da sua acção ou até interrompe-la (Brun, 1990).
